quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Como fazer voluntariado

Como fazer voluntariado. Voluntariado, nome a que prefiro chamar "praticar boas acções ao próximo", com amor e carinho.
Há uns anos fiz voluntariado num Hospital em Coimbra, na ala de infecto-contagiosas. Nessa ala vi tanto sofrimento, corações dilacerados pela doença (SIDA) e pelo abandono dos seus familiares.
A minha missão era ajudar na alimentação e principalmente dar-lhes afecto e um ombro amigo para eles desabafarem, já que eram vítimas de discriminação pelos preconceitos da sociedade, incluindo o nojo, a repulsa em tocar-lhes.
Foi um período muito gratificante, mas ao mesmo tempo desgastante no sentido emocional e psicológico.
Ainda hoje passados alguns anos tenho presente na minha memória o sofrimento que havia naqueles rostos marcados pela doença e pelos tabus que ela origina.
A maioria desses pacientes eram jovens, que na sua ânsia de viver e curiosidade em experimentar as coisas más da vida (droga e relações sexuais desprotegidas) contraíram essa maldita doença.
Recordo a Filomena, uma jovem que contraiu a doença num pais árabe durante o parto. Era uma jovem linda, loura, que adorava as suas filhas. Foi-lhe negado (pelo marido) a visita das filhas. Não aguentou o desgosto e optou por atear fogo à sua cama e morreu queimada.
Felizmente hoje em dia, diminuíram os preconceitos e a discriminação e existem mais informações sobre a doença, mas infelizmente ainda existem alguns preconceitos.
Há dias apareceu na Instituição onde trabalho, uma IPSS, mas ainda sem subsídio do Estado, uma mãe muito aflita, com o rosto marcado pela dor, a solicitar Apoio Domiciliário para o seu filho, doente com SIDA, acamado com uma infecção oportunista nos pulmões. A lista de espera é grande, mas também acredito que tenha havido um bocadito de má vontade da parte da Direcção em aceitar este serviço, ou então a senhora não conseguia pagar o mínimo da quantia exigida, ou ainda por algumas colegas recusarem tratar estes doentes. A SIDA para elas é um bicho papão, que só acontece aos vizinhos.
Pensei e repensei, e a minha consciência não ficava descansada, mesmo tendo só  disponível a minha hora de almoço, que são somente duas horas. O meu trabalho tem o seguinte horário 8H00 até às 14H00 e das 16H00  às 20H00, isto é se tudo correr bem. Mesmo assim resolvi fazer este apoio gratuitamente e abdicar do descanso de uma hora e ir ajudar a mãe do Carlos, fazendo-lhe a higiene pessoal e apoiar na alimentação e medicação, pois ele recusa alimentar-se e a tomar a medicação. O Carlos é um jovem cujo pecado que cometeu foi uma relação sexual desprotegida
Tenho consciência que tenho de ter muitos cuidados, usar 2 pares de luvas, máscara e avental. Apesar do meu cansaço sinto-me muito bem e aliviada, pois consigo contribuir para o bem-estar dele.
Se tiverem algum tempo livre, façam voluntariado, nos Hospitais, nas Instituições de Solidariedade, nos Lares de Idosos. Os pacientes precisam tanto de ajuda e de um gesto carinhoso, como de pão para a boca.
Vão sentir-se úteis e ao mesmo tempo, o  fazer bem é uma mais valia para a vossa saúde.
Num próximo texto iremos falar do HIV/SIDA, o que é a doença, como se apanha e contagia, os cuidados que devem ter os cuidadores.
Espero que tenham gostado deste meu texto Como fazer voluntariado e por favor deixem o vosso comentário.

2 comentários:

maria disse...

Adorei ler o post.
É de uma generosidade grandiosa.
Infelizmente ainda existe muito preconceito.
Até na Instituição onde trabalho por vezes algumas colegas têm alguns preconceitos e estes normalmente infundados.
Desejo que continue a ter essa força para ajudar o proximo.
Beijinho

Unknown disse...

Bom dia Maria!

Faço o que posso para minimizar o sofrimento alheio.
Obrigado pela visita e volte mais vezes, é sempre um prazer.